Sociedade

Hospital Amadora-Sintra: Aqui ninguém morre sozinho

20 fevereiro 2021 20:29

Rui Gustavo

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Jornalista

Nuno Fox

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Fotojornalista

O doentes com covid só veem olhos atrás de máscaras e quando acordam do coma induzido estão muito desorientados. “É assustador”, admite um enfermeiro

Covid-19. O Expresso entrou no Hospital Amadora-Sintra, onde o vírus matou 357 pessoas num ano. Na Enfermaria 1, a primeira só para covid, todos têm oportunidade de se despedirem. Há 211 internados (já foram 385), mas os profissionais ainda têm medo de ter esperança

20 fevereiro 2021 20:29

Rui Gustavo

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Primeira regra: os doen­tes com covid-19 não podem receber visitas em nenhuma circunstância. Se morrerem, são colocados em dois sacos de plástico branco e depois num caixão selado. Apesar de a lei permitir que as urnas sejam abertas durante as cerimónias fúnebres, isso muito raramente acontece.

Mas, na Enfermaria 1 do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), a exceção é a regra: “No início da pandemia estávamos todos a aprender sem saber bem o que fazer, mas rapidamente percebemos que era muito pior para as famílias, para os doentes e consequentemente para nós que as pessoas partissem sem se despedirem da família”, conta a enfermeira-chefe Fernanda Bessa, do Serviço de Infecciologia, que há cerca de um ano só trata de doentes com covid. “Quando percebemos que a hora está a chegar, falamos com a família e com o doente, explicamos quais são as opções, e se as pessoas quiserem podem tocar-lhe e vê-lo pela última vez.”