A. J. P. Taylor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A. J. P. Taylor
A. J. P. Taylor
A. J. P. Taylor, em 17 de agosto de 1977. Fotografado por Roger George Clark.
Nome completo Alan John Percival Taylor
Nascimento 25 de março de 1906
Birkdale, Lancashire, Reino Unido
Morte 7 de setembro de 1990 (84 anos)
Londres, Reino Unido
Nacionalidade inglês
Cidadania britânico
Cônjuge Margaret Adams (1931-1951)
Eva Crosland (1951-1974)
Éva Haraszti (1976-)
Ocupação historiador.
Religião nenhuma

Alan John Percival Taylor FBA (25 de março de 1906 — 7 de setembro de 1990) foi um historiador britânico que se especializou principalmente na história da diplomacia europeia no séculos XIX e XX. Jornalista e locutor, ele se tornou conhecido por milhões de pessoas por meio de suas palestras na televisão. Sua combinação de rigor acadêmico e apelo popular levou o historiador Richard Overy a descrevê-lo como "o Macaulay de nossa época".[1] Em uma pesquisa de 2011 da revista History Today, ele foi nomeado o quarto historiador mais importante dos 60 anos anteriores.[2]

Vida[editar | editar código-fonte]

Início da vida[editar | editar código-fonte]

Taylor nasceu em março de 1906 em Birkdale, perto de Southport, então parte de Lancashire. Seus pais eram ricos herdeiros de uma visão esquerdista que ele também herdou. Ambos eram pacifistas que vocalmente se opuseram a Primeira Guerra Mundial, e enviaram seu filho para a escola Quaker como uma forma de protestar contra a guerra. Ele foi educado em várias escolas Quaker, incluindo a School Bootham em Iorque. Geoffrey Barraclough, um contemporâneo de Bootham, lembrou Taylor como "uma personalidade estimulante, vital, extremamente agressiva, violentamente anti-burguesa e anti-cristã".[3] Inicialmente, ele tinha interesse em arqueologia, e como um jovem, era um especialista amador na história e arqueologia de igrejas no norte da Inglaterra. Seu interesse pela arqueologia levou a um forte interesse na história. Em 1924, ingressou na Oriel College, Oxford, para estudar história moderna.

Na década de 1920, a mãe de Taylor, Constance, era filiada ao Comintern e um de seus tios um membro fundador do Partido Comunista da Grã-Bretanha. Constance era uma sufragista, feminista e defensora do amor livre que praticavam seus ensinamentos através de uma série de casos extraconjugais, principalmente com Henry Sara, um comunista que em muitos aspectos, tornou-se pai substituto de Taylor. O próprio Taylor foi recrutado para o Partido Comunista da Grã-Bretanha por um amigo da família, o historiador militar Tom Wintringham, enquanto na Oriel; filiado entre 1924-1926, ele rompeu com o Partido pelo que considerava ser a sua posição ineficaz durante a Greve Geral de 1926. Depois de sair, tornou-se um fervoroso apoiante do Partido Trabalhista para o resto de sua vida, permanecendo como membro por mais de 60 anos.[4] Apesar de sua ruptura com o Partido Comunista, visitou a União Soviética em 1925 e novamente em 1934, e ficou muito impressionado em ambas as visitas.

Carreira acadêmica[editar | editar código-fonte]

Formou-se em Oxford em 1927. Depois de trabalhar brevemente como escrivão judicial, começou seu trabalho de pós-graduação, indo para Viena para estudar o impacto do movimento cartista na Revolução de 1848 na cidade. Quando o assunto acabou por não ser viável, ele passou a estudar a questão da unificação italiana ao longo de um período de dois anos, o que resultou em seu primeiro livro, The Italian Problem in European Diplomacy, 1847–49, publicado em 1934.

Taylor deu aulas de história na Universidade de Manchester de 1930-1938.

Tornou-se um membro da Magdalen College, Oxford em 1938, cargo que ocupou até 1976, também palestrando sobre história moderna em Oxford entre 1938 e 1963. Em Oxford, foi um orador extremamente popular: tinha de dar suas aulas às 8h30min da manhã para evitar que a sala se tornasse superlotada. Em 1964, quando Oxford se recusou a renovar o seu mandato como conferencista no rescaldo da polêmica provocada por The Origins of the Second World War, ele era um professor do Instituto de Pesquisa Histórica em Londres, University College London e do Instituto Politécnico do Norte Londres.

Um passo importante na "reabilitação" de Taylor foi uma festschrift organizada em sua honra por Martin Gilbert em 1965. Ele foi homenageado com mais dois festschriften, em 1976 e 1986. Os festschriften' eram testamentos a sua popularidade com seus ex-alunos, pois receber uma única festschrift é considerado uma honra extraordinária e rara.

Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Durante a Segunda Guerra Mundial, Taylor serviu na Guarda Municipal e fez amizade com estadistas emigrados da Europa Oriental, como o ex-presidente húngaro Mihály Károlyi e o Presidente da Checoslováquia, Dr. Edvard Benes. Essas amizades ajudaram a aumentar o seu conhecimento da região. Sua amizade com Benes e Károlyi pode ajudar a explicar sua interpretação amigável deles, em particular Károlyi, que Taylor retratou como uma figura santa. Taylor reivindicou com orgulho, mais tarde, que fora ele quem aconselhou Benes a embarcar na expulsão de toda a população alemã da Tchecoslováquia depois da guerra. Durante o mesmo período, Taylor foi contratado pelo Executivo Político de Guerra como um especialista em Europa Central e frequentemente falou no rádio e nas várias reuniões públicas. Durante a guerra, fez lobby para o reconhecimento britânico de Josip Broz Tito como o governante legítimo da Iugoslávia. Ele argumenta que o governo nazista era globalista e que focava no antissemitismo, buscando conciliar com os norte-americanos.[5]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Casou-se três vezes. Com sua primeira esposa, Margaret Adams, em 1931 (divorciou-se em 1951); eles tiveram quatro filhos juntos. Por algum tempo na década de 1930, ele e sua esposa compartilharam uma casa com o escritor Malcolm Muggeridge e sua esposa Kitty. Foi sugerido que ele teve um caso com Kitty Muggeridge. Sua segunda esposa foi Eve Crosland, irmã do parlamentar Anthony Crosland, com quem Taylor se casou em 1951 e se divorciou em 1974; eles tiveram dois filhos. Mesmo depois de se divorciar de Margaret Adams, Taylor continuou a morar com ela, enquanto mantinha uma casa com Eve. Sua terceira esposa foi a historiadora húngara Éva Haraszti, com quem se casou em 1976.[6]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • The Italian Problem in European Diplomacy, 1847–1849, 1934.
  • (editor) The Struggle for Supremacy in Germany, 1859–1866 por Heinrich Friedjung, 1935.
  • Germany's First Bid for Colonies 1884–1885: a Move in Bismarck's European Policy, 1938.
  • The Habsburg Monarchy 1809–1918, 1941, edição revisada de 1948, reeditado em 1966 OCLC 4311308.
  • The Course of German history: a Survey of the Development of Germany since 1815, 1945. Reeditado em 1962. OCLC 33368634
  • Trieste, (Londres: Yugoslav Information Office, 1945). 32 páginas.
  • co-editado com R. Reynolds British Pamphleteers, 1948.
  • co-editado com Alan Bullock A Select List of Books on European History, 1949.
  • From Napoleon to Stalin, 1950.
  • Rumours of Wars, 1952.
  • The Struggle for Mastery in Europe 1848–1918 (Oxford History of Modern Europe), 1954.
  • Bismarck: the Man and Statesman, 1955. Reeditado pela Vintage Books em 1967 OCLC 351039.
  • Englishmen and Others, 1956.
  • co-editado com Sir Richard Pares Essays Presented to Sir Lewis Namier, 1956.
  • The Trouble Makers: Dissent over Foreign Policy, 1792–1939, 1957.
  • Lloyd George, 1961.
  • The Origins of the Second World War, 1961. Reeditado pela Fawcett Books em 1969 OCLC 263622959.
  • The First World War: an Illustrated History, 1963. OCLC 2054370 A edição americana tem o título: Illustrated history of the First World War. OCLC 253080
  • Politics in Wartime, 1964.
  • English History 1914–1945 (Volume XV da Oxford History of England), 1965. OCLC 36661639
  • From Sarajevo to Potsdam, 1966. 1ª edição americana, 1967. OCLC 1499372
  • From Napoleon to Lenin, 1966.
  • The Abdication of King Edward VIII por Lord Beaverbrook, (editor) 1966.
  • Europe: Grandeur and Decline, 1967.
  • Introdução a 1848: The Opening of an Era por F. Fejto, 1967.
  • War by Timetable, 1969. ISBN 0-356-02818-6
  • Churchill Revised: A Critical Assessment, 1969. OCLC 4194
  • (editor) Lloyd George: Twelve Essays, 1971.
  • (editor) Lloyd George: A Diary por Frances Stevenson, 1971. ISBN 0091072700
  • Beaverbrook, 1972. ISBN 0-671-21376-8
  • (editor) Off the Record: Political Interviews, 1933–43 por W. P. Corzier, 1973.
  • A History of World War Two: 1974.
  • "Fritz Fischer and His School," The Journal of Modern History Vol. 47, No. 1, Mar. 1975
  • The Second World War: an Illustrated History, 1975.
  • (editor) My Darling Pussy: The Letters of Lloyd George and Frances Stevenson, 1975. ISBN 0-297-77017-9
  • The Last of Old Europe: a Grand Tour, 1976. Reeditado em 1984. ISBN 0-283-99170-4 OCLC 80148134
  • Essays in English History, 1976. ISBN 0-14-021862-9
  • "Accident Prone, or What Happened Next," The Journal of Modern History Vol. 49, No. 1, Mar. 1977
  • The War Lords, 1977.
  • The Russian War, 1978.
  • How Wars Begin, 1979. ISBN 0-689-10982-2 OCLC 5536093
  • Politicians, Socialism, and Historians, 1980.
  • Revolutions and Revolutionaries, 1980.
  • A Personal History, 1983.
  • An Old Man's Diary, 1984.
  • How Wars End, 1985.
  • Letters to Eva: 1969–1983, ed. por Eva Haraszti Taylor, 1991.
  • From Napoleon to the Second International: Essays on Nineteenth-century Europe. Ed. 1993.
  • From the Boer War to the Cold War: Essays on Twentieth-century Europe. Ed. 1995. ISBN 0-241-13445-5
  • Struggles for Supremacy: Diplomatic Essays by A.J.P. Taylor. Ed. por Chris Wigley. Ashgate, 2000. ISBN 1-84014-661-3 OCLC 42289691

Referências

  1. Richard Overy (30 de janeiro de 1994). Riddle Radical Ridicule (em inglês). [S.l.]: The Observer 
  2. «Top Historians: The Results». History Today. 16 de novembro de 2011. Consultado em 24 de abril de 2021 
  3. Kathleen Burk (2000). Troublemaker: The Life and History of A.J.P. Taylor (em inglês). New Haven e Londres: Yale University Press. 41 páginas 
  4. A. J. P. Taylor (1984). An Old Man's Diary (em inglês). Londres: Hamish Hamilton. 101 páginas 
  5. Taylor, A.J.P Origins of the Second World War Simon & Schuster 1961
  6. Taylor, A. J. P. (1983) A Personal History. London: Hamish Hamilton. p.267
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «A. J. P. Taylor».

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bosworth, Robert Explaining Auschwitz and Hiroshima: History Writing and the Second World War, 1945–90, Londres: Routledge, 1993.
  • Boyer, John "A.J.P. Taylor and the Art of Modern History" pages 40–72 from Journal of Modern History, Volume 49, Issue 1, March 1977.
  • Burk, Kathleen Troublemaker: The Life And History Of A.J.P. Taylor New Haven: Yale University Press, 2000.
  • Cole, Robert A.J.P Taylor: The Traitor Within The Gates Londres: Macmillan, 1993.
  • Cook, Chris and Sked, Alan (editors) Crisis and Controversy: Essays In Honour of A. J. P. Taylor, Londres: Macmillan Press, 1976
  • Dray, William, Concepts of Causation in A. J. P. Taylor's Account of the Origins of the Second World War pages 149–172 from History and Theory, Volume 17, Issue #1, 1978.
  • Gilbert, Martin (editor) A Century of Conflict, 1850–1950; Essays for A.J.P. Taylor, Londres, H. Hamilton 1966.
  • Hauser, Oswald "A.J.P. Taylor" pages 34–39 from Journal of Modern History, Volume 49, Issue #1, March 1977.
  • Hett, Benjamin C. "Goak Here: A.J.P. Taylor and the Origins of the Second World War" pages 257–280 from Canadian Journal of History, Volume 32, Issue #2, 1996.
  • Johnson, Paul "A.J.P. Taylor: A Saturnine Star Who Had Intellectuals Rolling In The Aisles" page 31 from The Spectator, Volume 300, Issue # 9266, 11 March 2006.
  • Kennedy, Paul "A.J.P. Taylor 'Profound Forces' in History" pages 9–13 from History Today, Volume 33, Issue #3, March 1986.
  • Kennedy, Paul "The Nonconformist" pages 109–114 from The Atlantic, Volume 287, Issue #4, April 2001.
  • Louis, William (editor) The Origins of the Second World War: A.J.P Taylor And His Critics, Nova Iorque: Wiley & Sons, 1972.
  • Martel, Gordon (editor) The Origins Of The Second World War Reconsidered: A.J.P. Taylor And The Historians Londres; Nova Iorque: Routledge, 1986, revised edition 1999.
  • Mehta, Ved Fly and Fly Bottle: Encounters with British Intellectuals, Londres: Weidenfeld & Nicolson, 1962.
  • Pepper, F. S., Handbook of 20th century Quotations, Sphere Study Aids, 1984, passim.
  • Robertson, Esmonde (editor) The Origins of the Second World War: Historical Interpretations, Londres: Macmillan, 1971.
  • Sisman, Adam A. J. P. Taylor: A Biography Londres: Sinclair-Stevenson, 1994.
  • Smallwood, J. "A Historical Debate of the 1960s: World War II Historiography—The Origins of the Second World War, A.J.P. Taylor and his Critics" pages 403–410 from Australian Journal of Politics and History, Volume 26, Issue #3, 1980.
  • Watt, D.C. "Some Aspects of AJP Taylor's Work as Diplomatic Historian" pages 19–33 from Journal of Modern History, Volume 49, Issue #1, March 1977.
  • Williams, H. Russell "A.J.P. Taylor" from Historians of Modern Europe editado por Hans Schmitt, Baton Rouge: Louisiana State Press, 1971.
  • Wrigley, Chris (editor) A.J.P Taylor: A Complete Bibliography and Guide to his Historical and Other Writings, Brighton: Harvester, 1982.
  • Wrigley, Chris (editor) Warfare, Diplomacy and Politics: Essays In Honour Of A.J.P. Taylor, Londres : Hamilton, 1986.
  • Wrighley, Chris 'A. J. P. Taylor: a Nonconforming Radical Historian of Europe" pages 74–75 from Contemporary European History, Volume 3, 1994.
  • Wrigley, Chris J. A.J.P. Taylor—Radical Historian of Europe. Londres: I.B. Tauris, 2006 (hardcover, ISBN 1-86064-286-1).
  • "Taylor, A(lan) J(ohn) P(ercivale)" pages 389–392 from Current Biography 1983 editado por Charles Moritz, H.W. Wilson Company, Nova Iorque, U.S., 1983, 1984.
  • "A.J.P. Taylor", páginas 564–570 de The Annual Obituary 1990, editado por Deborah Andrews, St. James Press, Chicago, Illinois, Estados Unidos, 1991.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]