Sistema de comparticipação dos medicamentos tem de ser alterado e os preços têm de subir

por Antena1

Foto: Antena1

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios a presidente da ANF, Ema Paulino, considera positivo o aumento registado este ano em relação os medicamentos até 15 euros, mas diz que não chega. Ema Paulino lembra que Portugal é um dos países onde o preço dos medicamentos é mais baixo o que constitui um incentivo à exportação, levando à existência de roturas no mercado nacional.

Simultaneamente Portugal é um dos países da OCDE onde os utentes pagam mais do seu bolso para ter acesso a cuidados de saúde, incluindo a compra de medicamentos, e por isso defende uma revisão do sistema de comparticipação dos medicamentos.

Para evitar roturas, está já a ser contruída uma lista de medicamentos essenciais que vai permitir criar uma reserva estratégica nacional e, simultaneamente, identificar medicamentos críticos com preços desajustados à realidade, que podem entrar em rutura se não houver atualização do seu valor.

Farmácias continuam a vender fiado e não são só os idosos que pedem ajuda

Por comparação com 2021, houve um aumento de 8 por cento na venda de medicamentos o ano passado, tendência que se mantém este ano. As farmácias continuam a vender fiado e há já 32 mil pessoas - correspondentes a 18 mil famílias - a beneficiarem do programa Abem da Associação Dignitude, que atribui um cartão que pode ser usado para pagar medicamentos em qualquer farmácia do país, sendo que 50 por cento dos beneficiários desta medida estão em idade ativa.

A procura dos genéricos continua, mas no ano passado as farmácias não receberam nenhum valor do Estado para compensar a margem de lucro perdida com a venda dos genéricos. De acordo com a presidente da ANF, a fórmula terá de ser alterada e ser criado um novo mecanismo. A dispensa de genéricos é fundamental, mas o modelo de remuneração não incentiva e não recompensa o esforço dos farmacêuticos.


Fazer vacina da gripe e da covid na farmácia vai ser gratuito

Nesta entrevista, a presidente da ANF revelou que as vacinas para a gripe e para a covid poderão vir a ser administradas gratuitamente nas farmácias já no próximo inverno. Ema Paulino adiantou que a negociação com o Estado está em curso. No futuro Ema Paulino espera que esta comparticipação se estenda aos testes de HIV e Hepatite até com o apoio dos municípios.

A renovação automática da medicação para doentes crónicos deverá também começar a funcionar no verão e no terceiro trimestre do ano já deverá ser possível ter acesso à dispensa de medicamentos para o cancro e outras patologias nas farmácias, e passar de 13 mil para 200 mil pessoas beneficiadas.

Ema Paulino considera que as farmácias devem evoluir como parceiros do SNS e, a par da linha Saúde24, passarem a fazer uma triagem e a encaminhar as pessoas para a urgência hospitalar, fazendo a respetiva referenciação ou mesmo marcar consulta no Centro de Saúde. A prwsidente da Associação Nacional de Farmácias considera ainda que só as farmácias podem e sabem dar os devidos esclarecimentos sobre a utilização da pílula do dia seguinte e, por isso, defende que não devia ser vendida nas parafarmácias.

Entrevista conduzida por Rosário Lira (Antena1) e Paulo Ribeiro Pinto (Jornal de Negócios).
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